O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, irá lançar na Agrishow 2015 um híbrido de milho, dois híbridos de milho pipoca e três cultivares de algodão — uma com fibra colorida e outra com plantas vermelhas. Os materiais são os únicos desenvolvidos no Brasil para cultivo nas condições do Estado de São Paulo. O IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, é a única instituição oficial que está lançando híbrido de milho pipoca no Brasil. Atualmente, a maioria dos milhos pipocas cultivada no Brasil provem de sementes importadas. O problema é que as condições climáticas paulistas causam elevada podridão no grão do milho pipoca, devido ao período de pós-maturação do milho pipoca, ocorrer em janeiro e fevereiro, meses em que há maior incidência de chuvas. Nesse cenário, o híbrido IAC, que tem como característica bom empalhamento e alta resistência a podridão dos grãos, chega como opção para plantio de verão no Estado de São Paulo.
A Agrishow será realizada de 27 a 1º de maio de 2015, em Ribeirão Preto, interior paulista. O IAC, coordenado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, participa da Feira há 22 anos. “No Instituto Agronômico, a Agrishow é considerada uma oportunidade de interagir com os elos de produção de várias cadeias agrícolas, conversamos com agricultores de diversas regiões e temos o retorno do funcionamento de nossas tecnologias, também dialogamos com o setor de maquinários, já que as atividades de pesquisa e da indústria se influenciam, em alguns casos”, afirma Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC, instituto coordenado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.
O IAC 8046 é um híbrido de milho convencional, isto é, não transgênico, com potencial produtivo de nove a dez toneladas, por hectare de grãos. Este potencial pode ser superado, se a lavoura for conduzida com bom tratamento. Segundo o pesquisador do IAC, Eduardo Sawazaki, essa produtividade está acima da média dos resultados obtidos no Brasil e é considerada elevada mesmo quando comparada com a dos milhos transgênicos, que atingem cerca de 10-12 toneladas, por hectare.
Este novo híbrido de milho é direcionado para propriedades com baixa e média tecnologia. Tem baixo custo de implantação da lavoura. Vinte quilos de semente são suficientes para o plantio de um hectare. Cada saca deverá custar cerca de R$ 130,00. O IAC 8046 está em fase de produção de sementes.
De acordo com Sawazaki, o híbrido IAC 8046 tem espigas grossas, característica que resulta em maior produção de grãos por planta. “Os grãos são de boa qualidade, compridos e a espiga retém pouco cabelo, essas características são adequadas para produção de milho verde, mas ainda vamos avaliar o tempo de bandeja”, explica o pesquisador do IAC, ao referir à durabilidade do produto na gôndola.
O IAC 8046 já foi testado em propriedades do Vale do Paranapanema, na safrinha. Este ano, serão feitos novos testes.
O custo reduzido de produção deste novo material IAC tem relação também com a boa resistência a doenças. O IAC 8046 apresenta boa resistência às principais doenças foliares, como ferrugens, pinta branca, mancha de turcicum e cercosporiose. Também é menos atacado pela lagarta do cartucho. Nos experimentos do Instituto Agronômico, o IAC 8046 foi produzido sem aplicação de fungicidas. Porém, em condições muito favoráveis a doenças, pode haver necessidade de controle químico, segundo o pesquisador. O porte baixo da planta contribui para reduzir as ocorrências de acamamento e quebramento. O IAC 8046 tem maior adaptação a solos férteis, em regiões altas e com boa distribuição de chuvas.
Diferença entre o híbrido simples e o intervarietal
O custo da semente é o grande diferencial entre o híbrido intervarietal e o híbrido simples. “A semente do intervarietal custa bem menos que a do híbrido simples. Além de ter menor custo na implantação da lavoura, o híbrido intervarietal tem alta produtividade”, diz o pesquisador do IAC. De acordo com Sawazaki, atualmente predomina no mercado híbrido simples transgênico.
IAC 8390
Outro milho híbrido intervarietal desenvolvido pelo IAC, o IAC 8390 também estará exposto na Agrishow. Este éadaptado para cultivo na safra de verão e na safrinha, com excelente qualidade de silagem, graças à boa digestibilidade do colmo. É competitivo com a maioria dos híbridos transgênicos, em lavouras de médio investimento em insumos, em termos de produção de massa digestível. O IAC 8390 está sendo produzido no Mato Grosso e em Minas Gerais.
“Nossos híbridos intervarietais foram selecionados de variedades sintéticas originadas de bons híbridos simples comerciais convencionais, disponíveis no mercado, o que confere a esses híbridos boa adaptação em plantio de verão e safrinha”, afirma o pesquisador do IAC, Eduardo Sawazaki.
Novos híbridos de milho pipoca IAC vêm suprir lacuna no mercado, pois grande parte da pipoca produzida no Brasil é de material importado, não recomendado para o cultivo nas condições paulistas
Os dois híbridos triplos de milho pipoca que o Instituto Agronômico leva para a Agrishow 2015 são mais produtivos e têm alta capacidade de expansão. O IAC 268 e o IAC 367 apresentam qualidade de pipoca e produtividade semelhantes. O IAC 268 tem grãos amarelo claro, se destaca pela maior resistência a doenças foliares e nematóides pratylenchus brachyurus. O IAC 367 tem grãos alaranjados, que atendem às exigências do mercado.
Os novos híbridos de milho pipoca IAC 268e IAC 367têm qualidade de pipoca com capacidade de expansão acima de 45,0 mililitros por grama, o que significa que cada grama de grão rende 45 mL de pipoca estourada. Segundo o pesquisador Eduardo Sawazaki, o mercado exige expansão acima de 40 ml/grama. “Este é o mínimo aceito para o mercado de pipoca de micro-ondas”, explica.
Com grãos tipo pérola, de tamanho pequeno, o IAC 268 e IAC 367 têm potencial produtivo de 4,5 toneladas por hectare de grãos, podendo chegar a 5 ou 6 toneladas, por hectare.
Os testes do IAC 268 e IAC 367 foram feitos sem controle químico. As pulverizações para controle de pragas e doenças constituem a etapa mais onerosa na produção do milho pipoca em relação ao milho comum, devido à maior suscetibilidade do milho pipoca, requerendo duas a três vezes mais pulverizações.
Novo híbrido de milho pipoca IAC vem suprir lacuna no mercado
O IAC 268pode ser plantado em São Paulo e no Mato Grosso. Este novo híbrido de milho pipoca IAC vem suprir uma lacuna existente no mercado, pois grande parte da pipoca produzida no Brasil é de material importado, não recomendado para o cultivo nas condições de clima paulistas. De acordo com Sawazaki, ao serem plantados no Estado de São Paulo, os milhos exóticos apresentam elevada podridão do grão, além de baixa produção. Por isso, o milho pipoca está sendo cultivado na safrinha no Mato Grosso, onde chove bem na fase vegetativa da cultura e é seco na fase pós-maturação, condicionando alta qualidade da pipoca.
Texto: Carla Gomes (MTb 28156) e Fernanda Domiciano