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Complexo teniose-cisticercose

Eidi Yoshihara Várias espécies de tênias causam problemas à saúde humana e são responsáveis por perdas econômicas na atividade pecuária. Na família Taeniidae, dois cestódeos importantes que tem o homem como hospedeiro definitivo e obrigatório são a Taenia solium e a Taenia saginata, popularmente conhecida como solitárias, cujos hospedeiros intermediários são os suínos e os bovinos, sendo esses animais responsáveis pela manutenção da doença em nosso meio. Os cestódeos adultos, em geral, pouco dano causam ao hospedeiro, porém as larvas é que comumente são responsáveis por quadros patológicos, dependendo da localização, número e tamanho das formas. A cisticercose é uma alteração provocada pela presença das larvas nos tecidos dos hospedeiros intermediários. Larvas de T. solium também podem ser encontradas em tecidos de hospedeiros intermediários anômalos tais como o homem e o cão. A teniose é uma alteração provocada pela presença das formas adultas da T. solium ou da T. saginata no intestino delgado do humano o qual pode ser considerado como o hospedeiro definitivo do agente. O termo popular “solitária” refere-se à fase adulta de ambas as espécies. Na fase adulta são vermes chatos, em forma de fita, medindo T. solium habitualmente 1,5 a 4 metros de comprimento e a T. saginata, de 4 a 12 metros. Os vermes adultos vivem durante muito tempo, havendo referencias a uma sobrevivência que poderia chegar a 25 anos, em infecção por T. solium, e a 30 anos no parasitismo por T. saginata. Os ovos das duas espécies de Taenia são morfologicamente semelhantes. Tem forma aproximadamente esférica, com 30 a 40 mm de diâmetro. Durante o ciclo evolutivo, o homem elimina ovos através das fezes para o meio exterior. Após liberados no ambiente, os ovos serão ingeridos pelos hospedeiros intermediários, no qual sofrerá ação das enzimas digestivas, onde será liberado a oncosfera presente no interior do embrióforo. Em seguida penetram nas vênulas, e atingem a circulação circulatória, sendo transportadas por via sanguínea a todos os órgãos e tecidos dos organismos. As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qualquer tecido mole (pele, músculos esqueléticos, e cardíacos, olhos, cérebro), mas preferem os músculos de maior movimentação e com maior oxigenação (masseter, língua, coração e cérebro). A infecção do homem pelos cisticercos se dará pela ingestão de carne crua ou malcozida de suínos ou bovinos infectados. Os cisticercos ingeridos fixam-se na mucosa do intestino delgado, onde se transformam em uma tênia adulta. A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium. Entre os principais métodos possíveis de infecção do homem pelos ovos da T. solium, podem ser citados a auto-infecção externa, onde o próprio homem libera proglotes e os ovos de sua própria tênia são levados à boca pelas mãos contaminadas ou pela coprofagia e a heteroinfecção, onde o homem ingere alimentos contaminados com fezes humanas contendo ovos de T. solium. A contaminação dos alimentos poderá ser através de água com dejetos humanos utilizada para regar hortas ou contaminado fontes de água de beber; disseminação de ovos por moscas e baratas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há pelo menos 2,5 milhões de pessoas infectadas com teniose por T. saginata no Mundo, sendo que 32 milhões na África, 11 milhões na Ásia, 1 milhão na América do Norte e 2 milhões na América do Sul. No Brasil, Argentina, Venezuela, México, Colômbia, Guatemala e Uruguai a incidência da doença varia de 0,2 a 2,6%. A teniose por T. solium é estimada em 2,5 milhões em todo o mundo e a cisticercose em 300 mil pessoas infectadas. No Brasil, os dados disponíveis revelam que os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste são os de maior relevância para a cisticercose. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás são consideradas áreas endêmicas para neurocisticercose, observando-se presença ocasional nos Estados da Bahia, maranhão, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O controle da teniose/cisticercose depende das condições econômicas, sociais e culturais de cada local. A estratégia fundamental é interromper o elo epidemiológico desse binômio, através da melhora das condições de saneamento básico, tratamento em massa da população, melhora nas condições da criação de animais, inspeção de produtos cárneos e educação em saúde da população. Bibliografia consultada: Agapejev, S. Epidemiology of neurocysticercosis in Brazil. 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