O Instituto de Pesca (IP), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), sediou entre os dias 09 a 13 de maio em seu Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Sul, localizado em Cananéia, o curso “Implementação de biomarcadores em organismos aquáticos como testes crônicos para determinar os efeitos de concentração subletal de xenobióticos em ambientes aquáticos”. Pesquisadores e professores de 10 países da América Latina participaram da atividade, oferecida pela Agência Internacional de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (AIEA-ONU) e conduzida pelo pesquisador do IP Edison Barbieri.
O curso teve como objetivo uniformizar os conhecimentos dos participantes sobre conceitos de biomarcadores, além de apresentar técnicas de pesquisa que podem ser reproduzidas com relativa facilidade. “Esperamos que esses pesquisadores e professores possam levar a metodologia que apresentamos ao longo do curso para seus países e com isso contribuir para elevar a qualidade das pesquisas que envolvem biomarcadores nos países da América Latina”, explica Barbieri.
Os biomarcadores são alterações biológicas que expressam a exposição e/ou o efeito tóxico de poluentes presentes no ambiente. “Por essas características, em sua origem, os biomarcadores começaram a ser usados em estudos toxicológicos em humanos, como um indicador do estado de saúde do paciente. Mas percebeu-se que eles também poderiam ser usados para indicar a qualidade do ambiente”, conta o pesquisador. “Isso envolve análises hematológicas, de tecidos, provas bioquímicas, fisiológicas, de comportamento, dentre outras”, complementa.
Ao longo dos cinco dias de curso, os participantes tiveram aulas teóricas e práticas que envolveram a análise de organismos expostos a diferentes níveis de poluentes. Para realizar esses ensaios, foram utilizadas as instalações laboratoriais do IP em Cananéia. “O Instituto de Pesca tem um alto nível de pesquisa na área de biomarcadores e indicadores de organismos aquáticos. Então, eu acho que esse curso é uma boa oportunidade para ampliar meus conhecimentos e aplicá-los em meu país, que tem alguns problemas de poluição e, por isso, precisamos implementar essas metodologias lá”, conta o professor e pesquisador Francisco Perez Sabino, da Universidad de San Carlos de Guatemala.
Ricardo Hladki, da Universidad de La Republica, do Uruguai, faz parte de um grupo de pesquisa multidisciplinar que estuda o impacto de pesticidas no ambiente. Para ele, as informações que obteve em sua visita ao Brasil serão aplicadas assim que retornar ao país vizinho. “Como sou o encarregado pelo Laboratório de Ecotoxologia neste projeto que estamos desenvolvendo no Uruguai, pretendo implementar os bioensaios que aprendi durante o curso, mas também desenvolver um bioensaio próprio, articulando esses conhecimentos”, revela.
O chileno César Mattar Martinez, que trabalha para o Servicio Agrícola y Ganadero do Chile e para a Comisión Chilena de Energia Nuclear, em Santiago, vê no curso uma oportunidade interessante para ampliar seus conhecimentos sobre bioensaios com espécies aquáticas nativas e ter contato com pesquisadores de outros países. “Esse curso é multidisciplinar, há distintos níveis de conhecimento e profissionais, como físicos, químicos, biólogos, veterinários e agrônomos. Então, há muitas coisas que já conheço e outras que são novas para mim. Vamos gerando um nível básico de conhecimento e articulando com atividades práticas. Isso vai nos ajudar no desenvolvimento metodológico de pesquisas em nossos países”, comenta Martinez.
Para Arnaldo Jardim, Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, “ao colaborar com atividades de transferência de conhecimento como esta, os institutos de pesquisa da pasta contribuem para o desenvolvimento da ciência na América Latina e criam a possibilidade de futuras cooperações com centros de pesquisa e universidades estrangeiras, conforme orientação do Governador Geraldo Alckmin”.
Por Leonardo Chagas
Revisão Márcia Cipólli
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