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Suinocultura: pesquisa e setor produtivo vão apresentar proposta técnica sobre tratamento de dejetos

Uma comissão com representantes da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e da Câmara Setorial de Carne Suína, ambas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, foi criada para apresentar uma proposta técnica de tratamento dos dejetos da suinocultura, durante reunião, no dia 27 de janeiro, promovida pelo Instituto de Zootecnia (IZ-APTA). O documento visa atender demandas da Cetesb e do Ministério Público nos aspectos relativos à questão ambiental. 
A comissão deverá ser integrada pelos pesquisadores e técnicos Expedito Tadeu Facco Silveira, Edna Bertoncini, Simone R. Oliveira, Fernando Gomes de Castro Jr., José Carlos de Moura Camargo, Fábio E. Lemos Budiño, João Carlos de Campos Pimentel, Roberto Carlos Vicente de Oliveira, Jorge de Lucas, Irenilza de Alencar Naas e o presidente da Câmara Setorial Valdomiro Ferreira Júnior.
A questão ambiental é um dos maiores desafios da suinocultura, ao lado da comercialização e da sanidade, disse Valdomiro Ferreira, presente na reunião. “Nós precisamos criar uma norma que seja instrumento de avaliação pelo Ministério Público e pelas Secretarias do Meio Ambiente e de Agricultura. Como a legislação é macro, nós precisamos de uma norma especifica sobre o tratamento de dejetos no Estado de São Paulo, para viabilizar a suinocultura. Do jeito que está, somos considerados poluidores por excelência.”
A proposta técnica deverá ser encaminhada à Cetesb no prazo de 120 dias, para que “nós possamos criar uma agenda positiva junto com a agência ambiental”, informa Valdomiro.  A prevalecer a situação atual, a Cetesb tende a considerar a suinocultura como uma atividade industrial, o que vai acabar com os pequenos e médios produtores, alerta.   
No caso da demanda do Ministério Público, os promotores tem acionado as Câmaras Setorial e Técnica Ambiental, ambas presididas por Valdomiro, para a obtenção de dados sobre o assunto.  “Infelizmente, nós não estamos conseguindo abastecer o Ministério Público com essas informações porque não temos um documento com embasamento técnico-científico. E é isso que a Promotoria tem nos cobrado porque há vários processos em andamento sobre a questão ambiental no Estado de São Paulo.”
Tanto o produtor quanto os órgãos de fiscalização precisam de informações sobre a relação entre o número de matrizes na propriedade e a quantidade de dejetos permitida por unidade de área (hectare), explica Valdomiro. “O produtor precisa dessa informação para trabalhar dentro da lei. E os órgãos de fiscalização vão ter isso como parâmetro, ou seja, a propriedade só pode jogar determinada quantidade de dejetos, de acordo com o número de matrizes. O restante vai ter que ser transportado para outra área.”
O pesquisador do IZ, Fernando Castro, defendeu que o porco deve ser visto como biotransformador, entrando por exemplo na cadeia da energia. “Temos que fazer uma gestão de dejetos e, para isso, o FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista) poderia financiar projetos nesta área.” Além de produzir carne, o suinocultor poderia melhorar a sua renda por meio da transformação dos dejetos em compostagem, gás metano, água potável para a criação de peixes e adubo orgânico.      
Já o pesquisador José Carlos de Moura Camargo, da Unidade da APTA em Itapeva, defendeu a exigência de autorização para a instalação de granja proporcionalmente à área, ou seja, uma matriz por hectare. “Uma matriz produz cinco mil quilos de carne por ano, uma relação de 3 kg de ração para l kg de carne produzida. Nós sabemos que isso gera uma quantidade enorme de dejetos, cuja composição contém uma quantidade de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) suficiente para realizar adubação de uma cultura de grãos.”
Para as granjas maiores já existentes (inclusive perto de grandes centros urbanos), sugere Camargo, a idéia é que esses produtores aluguem ou arrendem áreas para o plantio de milho, ou mesmo cana, e usem essas áreas para colocar a grande quantidade de dejetos produzidos. Uma alternativa, prossegue, seria fazer a recria e engorda dos animais em áreas diferentes da origem dos animais, mas que estejam próximas de onde vão ser utilizados os dejetos. Ele considera viável incluir essa proposta no documento a ser encaminhado à Cetesb. “É só dimensionar os nutrientes contidos nos dejetos dos suínos em função dos diversos manejos e, proporcionalmente, o que tiver de NPK... Temos que estudar granja por granja e colocar isso num termo médio para o Estado.”
Sanidade e comercialização
Na questão da sanidade, Valdomiro defendeu a parceria do setor produtivo com a pesquisa, em especial o Instituto Biológico, e a Coordenadoria da Defesa Agropecuária (CDA). “Nós precisamos uma aproximação mais rápida com a Defesa, para que ela nos auxilie nas demandas necessárias.” Os maiores desafios nessa área são o Circovírus, “que incomoda a produção”; a Aujeszc, “que poderá incomodar ali na frente”; e o programa de Peste Suína, “que nos mantenha no mesmo status que temos neste momento, ou seja, não podemos abrir a porteira”.
Para enfrentar estes problemas, Valdomiro defende a união de esforços por meio da reativação do convênio entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e o setor privado. “Um convênio pelo qual nós tenhamos um programa, a médio prazo, com foco na defesa agropecuária.”
Outra questão ligada diretamente à sanidade é a comercialização na suinocultura, feita do mesmo jeito há vários anos e décadas, segundo Valdomiro. “Esse é o entrave. Nós não podemos continuar a comercializar o nosso animal em pé. Nós precisamos melhorar a comercialização, sensibilizar alguns segmentos da cadeia produtiva, principalmente os frigoríficos, os produtores e o mercado varejista. O que nós precisamos é que o produtor tenha a melhor rentabilidade a partir do melhor produto que ele tenha. Um preço único para o Estado de São Paulo está penalizando aquele que fez investimento.”
A saída é fazer a comercialização pelo rendimento de carne magra, diz Valdomiro. “A comercialização necessariamente hoje é renda. Nossos concorrentes no Sul recebem 12% de bonificação pelo rendimento de carne... Posso dizer que nas últimas 52 semanas o nosso suinocultor não tem essa média de lucratividade no segmento. Então, é uma agregação de valor. E quem vai fornecer a tabela, a regra? É o ITAL, que já tem esse estudo e vai nos orientar. Já foram feitas algumas simulações em termos de rendimento de carne magra, os componentes que iriam finalizar essa tabela. Eu entendo que a suinocultura só irá sobreviver se nós tivermos um respaldo dos institutos.”
Programa de pesquisa
O encontro reuniu, em Nova Odessa, pesquisadores do IZ, Instituto Biológico (IB), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e dos Pólos Sudoeste Paulista (Unidade de Itapeva) e Centro-Sul (Piracicaba) da APTA, para dar prosseguimento nas discussões sobre a elaboração de um programa conjunto de pesquisas em suinocultura para o Estado de São Paulo. Na ocasião, a diretora do IZ, Maria Lúcia Pereira Lima, enfatizou a importância de a pesquisa trabalhar integrada com o setor produtivo. “Só assim haverá entendimento da demanda e das metas a serem traçadas.”
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
(11) 5067-0424
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