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IAC propõe manejo com crotalária para controle de nematoides em quiabo

O sistema de manejo para o controle de nematoides na cultura do quiabo proposto pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, reduziu a incidência da população de nematoides de galha, beneficiando o desenvolvimento da hortaliça. Dados preliminares indicam que a adoção da integração das técnicas de revolvimento e irrigação do solo, seguidas da implantação de crotalária, antes de instalar a lavoura de quiabo, reduzem em torno de 90% a incidência da população de nematoides no pré-plantio, beneficiando a cultura desta hortaliça. A pesquisa continua sendo desenvolvida para avaliar a eficiência dos adubos verdes em sistema de consórcio no controle dos nematoides ao longo dos meses em que o quiabeiro permanece em campo.
Os resultados preliminares dos estudos foram apresentados aos horticultores do município de Gabriel Monteiro, interior paulista, principal região produtora de quiabo no Estado de São Paulo, onde, em 2015, foram produzidas 397.800 caixas de 16 quilos, em uma área de 298 hectares. A Tarde de Campo foi realizada no dia 23 de novembro de 2016 para cerca de 30 agricultores.
O trabalho de manejo de nematoides é uma parceria do IAC, com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Polo de Andradina, e a Coordenação de Assistência Técnica Integral (CATI), todos vinculados à Secretaria de Agricultura.
Os resultados do manejo adotado pelos pesquisadores puderam ser observados pelos agricultores que participaram da Tarde de Campo. Os pesquisadores mostraram o desempenho da cultura em duas áreas experimentais: uma em que a lavoura precedida pelo sistema proposto pela pesquisa paulista teve bom desempenho e produção de quiabo; e a outra em que o solo foi apenas deixado em repouso, onde houve manifestação do nematoide, que inviabilizou o cultivo, segundo o pesquisador do IAC, Carlos Eduardo Rossi.
“Gostei do resultado que vi, pretendo fazer esse manejo já no começo do ano, quando vou preparar o solo”, diz o agricultor familiar, Mário Roberto da Silva, que pretende adotar a técnica demonstrada já no início de 2017.
Até o momento, o produtor usa material orgânico, como esterco de frango e torta de mamona, para tentar controlar os nematoides. Silva relata que para conviver com este problema, os produtores precisam ficar mudando de área toda vez que vão iniciar um novo plantio. Essa necessidade de movimentação, para tentar escapar da infestação de nematoides, aumenta o custo de produção dos pequenos agricultores. “Não dá prejuízo, mas diminui o lucro”, afirma o produtor que, em 12 mil metros de área, colhe cerca de 1.500 a 2.000 caixas de quiabo, por ano, que seguem para a Capital paulista. “Meu ganha pão mesmo é o quiabo”, diz Silva, que também tem gado de corte.
De acordo com o pesquisador do IAC, os nematoides de galha podem prejudicar o sistema radicular, reduzir drasticamente o vigor da planta, além de diminuir o tempo de colheita e o número de frutos, que também ficam menores. Além desses prejuízos, os nematoides de galha causam restrição ao uso do solo.
Para manejar os nematoides de galha no quiabeiro, os pesquisadores da Secretaria de Agricultura recomendam a adoção de adubação verde, precedida pela integração da técnica do revolvimento do solo e irrigação. A técnica é simples e pode ser adotada por todo agricultor: após revolver o solo, ele é irrigado e recebe o plantio da crotalária. Esta, depois de roçada, é deixada em decomposição durante 20 dias. Só então é feito o plantio do quiabo. Nestas condições, a cultura se desenvolveu muito bem, graças à redução da população de nematoides.
“A área foi semeada a lanço com Crotalaria spectabilis em pré-cultivo, com incorporação superficial durante o período de florescimento e fez-se a semeadura direta do quiabo após 20 dias”, explica Rossi.
No estudo, os pesquisadores instalaram duas parcelas experimentais: uma com adubação verde e a outra sem, em que a testemunha foi instalada sobre o solo, que apenas foi deixado em descanso. Após 90 dias da semeadura do quiabo na área com a crotalária, que é uma planta antagonista aos nematoides, o resultado foi uma lavoura bem desenvolvida. No segundo caso, os nematoides inviabilizaram a produção.
A proposta de pesquisa desses órgãos da SAA é integrar diferentes métodos de controle que reduzam as populações dos nematoides antes do cultivo do quiabo, permitindo que as plantas tenham pleno desenvolvimento inicial.
“Este trabalho mostra que as unidades da Secretaria se dedicam também à agricultura familiar, procurando soluções para os pequenos produtores, assim como recomenda o governador Geraldo Alckmin”, diz o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim.
Segunda fase da pesquisa busca reduzir nematoides durante o período que a cultura permanece em campo
A segunda fase da pesquisa, já em andamento e que deverá durar cerca de dois anos, adota a consorciação dos quiabeiros com diferentes adubos verdes, dentre eles a Crotalaria breviflora, C. spectabilis e guandu anão. O objetivo é manter baixas as populações dos nematoides ao longo dos meses em que o quiabo permanece no campo.
“Como a cultura fica até dez meses no campo, graças ao sistema de cultivo adotado na região, mesmo incorporando métodos de controle pré-cultivo, é necessária a adoção de outras medidas durante a safra para manter as populações dos nematoides em baixos níveis, reduzindo ao mínimo o dano à cultura”, afirma.
Para o agricultor, Mário Roberto da Silva, os nematoides são os que mais atrapalham os produtores da região. “Se a crotalária ajudar a manter a área, vai ser muito importante pra nós”, diz.
“A terra corrigida aguenta mais tempo, até 12 meses, mas quando a terra está muito judiada, muito infestada, só aguenta cinco, seis meses. Depois disso, temos que mudar de área e fazer outro plantio, que só aguenta outros dois ou três meses”, explica. Essa necessidade de migrar implica em arrendar outra área ou fazer rodízio dentro da própria propriedade. Essa movimentação aumenta bastante os custos, segundo Silva.
Segundo o pesquisador do IAC, na região de Gabriel Monteiro, o quiabo é cultivado em locais com alta incidência de nematoides de galhas do gênero Meloidogyne e em solos arenosos com altas temperaturas, fatores muito favoráveis ao parasito.
De acordo com o pesquisador, com modernas técnicas de cultivo, o quiabeiro pode produzir de seis a dez meses, utilizando a poda após cinco meses da semeadura. Nessas condições, os nematoides, presentes no solo, atingem altas populações num único ciclo de cultivo. “Alguns produtores, desconhecendo as reações das plantas a esses parasitos, normalmente realizam a rotação com culturas suscetíveis, como a abóbora, o que agrava mais ainda o problema”, afirma.
As pesquisas ainda irão trazer respostas a questões sobre o manejo do quiabo em consórcio, por exemplo, sobre como deve ser a poda e qual a melhor época de semeadura dos adubos verdes.
Este estudo não conta com recursos de agências de fomento e está aberto à participação de associações e empresas que tenham interesse na solução deste problema da agricultura familiar.
os de agências de fomento e está aberto à participação de associações e empresas que tenham interesse na solução deste problema da agricultura familiar.
Por Carla Gomes (MTb 28156)
Assessora de imprensa – IAC

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