O Instituto Biológico (IB-APTA) é parceiro da empresa americana Isca Technologies no teste de um repelente natural para evitar a ocorrência da broca-do-olho-das-palmeiras, principal praga da cultura. As palmeiras estão espalhadas em todo o Brasil e além de sua importância econômica também são encontradas em patrimônios históricos. O IB é referência brasileira em pesquisas com pragas urbanas, como as brocas. De 18 a 21 de junho de 2018, o Instituto realizará o Simpósio Nacional de Pragas Urbanas (SINAPRAVE), em sua Sede, em São Paulo, para discutir a ocorrência dessas pragas em várias frentes, sendo uma delas a em patrimônios históricos. A inscrição para o evento pode ser feita em http://www.sinaprave.com.br/. O IB é ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
De acordo com o pesquisador do IB, Francisco José Zorzenon, o produto é o primeiro no mundo que previne a ocorrência da broca nas palmeiras. Atualmente, existem no mercado apenas armadilhas de feromônio em que o odor atrai os insetos, diminuindo o ataque às plantas. “Fomos responsáveis pela realização dos testes desse repelente natural em São Paulo, além de termos ajudado a determinar a dose e a distância da aplicação. O produto tem ação repelente por até seis meses. É um gel fácil de ser aplicado e que apresentou 96% de eficiência”, explica.
A broca-do-olho-das-palmeiras é a mais importante na produção industrial e ornamental e chega a ser limitante à cultura. “Ela ataca a região do palmito, local onde se formam as folhas da planta, levando-as à morte. Cada fêmea chega a postar 250 ovos, em média. As larvas podem chegar a 75 mm de comprimento. Elas consomem todos os tecidos sadios da planta, fazendo galerias e deixando no interior do caule (estipe) uma coloração avermelhada devido à ação de bactérias e fungos decompositores presentes nas fezes e restos de tecidos fermentados. Os sintomas mais evidentes são o amarelecimento e murcha de folhas, tombamento e morte da planta”, diz o pesquisador.
As larvas permanecem nas palmeiras mortas por um longo período, desde que haja quantidade de alimento e umidade suficientes. “As palmeiras mortas devem ser picadas ou queimadas e enterradas, evitando assim novos focos de criação. É comum às pessoas acharem que o patrimônio histórico é apenas aquela estrutura construída. Os jardins, formados por palmeiras e árvores, também fazem parte e precisam ser preservados. Fomos escolhidos para participar do projeto porque somos referência no mundo em pesquisas com pragas urbanas. Há 25 anos desenvolvo projetos com pragas de palmeiras”, afirma Zorzenon.
Pragas urbanas em patrimônios históricos
Se não forem identificadas a tempo, as pragas urbanas podem provocar grandes estragos nos acervos de museus e prédios históricos. Muitas vezes imperceptíveis, os cupins, traças, baratas e brocas, por exemplo, podem causar prejuízos nesses espaços culturais. O IB é uma das únicas instituições brasileiras que fazem diagnósticos e propõe soluções para o combate de pragas urbanas em museus públicos e privados. Cerca de 30 museus e edifícios históricos já contaram com o auxílio das pesquisas do IB, entre eles o Museu Afro Brasil, Museu da Língua Portuguesa, Museu de Arte Sacra de São Paulo, Museu da Imigração, Arquivo Público do Estado de São Paulo, Cinemateca Brasileira e igrejas históricas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O pesquisador do Instituto explica que os cupins de madeira e de solo, ratos, baratas, brocas e traças podem causar danos em livros, quadros, roupas e tapetes, além das plantas ornamentais. Nos prédios históricos, essas pragas causam problemas na fiação elétrica e na estrutura, podendo até mesmo provocar incêndios.
Os cupins subterrâneos, por exemplo, alimentam-se de madeira, mas danificam concreto e fios elétricos como forma de abrir caminho. Além da estrutura, os pesquisadores do IB vistoriam as áreas externas, como os jardins. “Às vezes, as árvores podem estar infestadas por cupins e se eles não forem diagnosticados e eliminados, podem atacar o edifício e o acervo, além de propiciarem o risco de tombamento precoce das árvores, levando a sérios danos no patrimônio histórico”, explica.
Muitas vezes, segundo Zorzenon, o problema é fácil de ser resolvido, porém, a identificação desses insetos depende do olhar atento de quem tem experiência na área. “Uma vez realizamos trabalho na Marinha do Brasil. O alarme chegava a disparar 400 vezes, por noite, e ninguém chegava a uma conclusão do que realmente estava acontecendo. Identificamos que o problema eram as formigas carpinteiras, que tinham formado ninhos dentro dos sensores. Quando elas saiam dos ninhos, o alarme disparava”, conta. O IB ministra treinamentos teóricos e práticos para museólogos e restauradores. A ideia é que eles aprendam mais sobre as pragas urbanas e saibam identificá-las.
SINAPRAVE
O Simpósio Nacional de Pragas e Vetores (SINAPRAVE) tem o objetivo de promover o debate e intercâmbio técnico-científico entre os diferentes elos que atuam na pesquisa, diagnóstico, prevenção, manejo e controle de pragas sinatrópicas, conhecidas como pragas urbanas.
O evento é promovido pela Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas do Instituto Biológico e será realizado de 18 a 21 de junho de 2018, em São Paulo, Capital.
“A programação visa atender aos diferentes segmentos que atuam diretamente na área e aqueles que são impactados pela presença das pragas urbanas em arborização urbana, em produtos industrializados e em patrimônios históricos”, explica o pesquisador do IB.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Sergio Ferreira Jardim, eventos como esse são importantes por aproximar a pesquisa do setor de produção. “Este é um tema sensível para todos os elos da cadeia produtiva. Este evento transfere informações para os interessados na área e aproxima nossas pesquisas do setor de produção, uma recomendação do governador Márcio França”, afirma.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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