Manter as plantas cítricas com até 2,5 m de altura, utilizando entre as diversas possibilidades agentes biológicos como os viroides e, dessa forma, diminuir o uso de escadas, com redução de custos; utilizar melhor as terras; e proporcionar maior segurança no trabalho e maior produtividade. Este é o propósito de projeto desenvolvido por pesquisadores dos Institutos Biológico (IB-APTA) e Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento; Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical; Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro; e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Pomares de plantas anãs seriam mais apropriados para altas densidades de plantio, pois evitariam os problemas derivados da superpopulação e competição decorrente de combinações vigorosas”, dizem os pesquisadores Marcelo Eiras (IB), Simone R. Silva (ESALQ), Eduardo S. Stuchi (Embrapa); Maria L. P. N. Targon e Sérgio A. Carvalho (APTA Citros IAC), no artigo “Viroides como alternativa para a indução de nanismo em citros”. “O tamanho, vigor e hábito de crescimento das plantas são determinados por diversos fatores como variedade, porta-enxerto, condições de solo e clima, poda e outros tratos culturais.” Além dos viroides, eles apontam outras possibilidades para se conseguir o controle do tamanho das plantas nas explorações citrícolas, que são o emprego de porta-enxertos ananicantes ou de vigor mediano e interenxertos de gêneros afins ou do gênero Citrus. .
Avanços no conhecimento da diversidade genética dos viroides dos citros no campo - inclusive com a seleção de clones de ‘Tahiti’ Quebra-galho com potencial para serem utilizados como matrizes – só foram possíveis graças a este projeto. A formação do grupo de pesquisadores foi viável devido à importância econômica dos citros e o pouco conhecimento da diversidade genética dos viroides e do potencial de utilização do CDVd (Citrus dwarfing viroid ) como GTDA (Graft transmissible dwarfing agents), dizem os autores do artigo.
“Esforços para obtenção de recursos para continuidade nesta linha de pesquisa estão sendo feitos. Experimentos que se encontram em campo, com diferentes combinações de copa/porta-enxerto, continuarão a ser avaliados quanto à diversidade das populações dos viroides e quanto às características agronômicas. Plantas de ‘Tahiti’ Quebra-galho foram selecionadas e serão utilizadas como matrizes para a propagação de borbulhas contendo viroides, os quais foram devidamente identificados e caracterizados por potentes técnicas moleculares desenvolvidas com o projeto.”
“Confinados ao Reino Vegetal”
Os viroides são os menores sistemas genéticos capazes de se replicar no interior de uma célula e, até o momento, encontram-se confinados ao Reino Vegetal, explicam os pesquisadores. “São constituídos por um pequeno RNA (246-401 nt) de fita simples, circular, que não codifica proteínas, sendo totalmente dependentes do hospedeiro para cumprir as etapas do seu ciclo infeccioso.”
São classificados, de acordo com propriedades biológicas e moleculares, em duas famílias: Pospiviroidae e Avsunviroidae, informam os autores do artigo. “Esses patógenos causam doenças em culturas de importância econômica. Os seus efeitos podem ser devastadores ou, em alguns casos, a infecção pode ser latente. Os sintomas induzidos por viroides são similares àqueles causados por vírus de plantas. Os mais comuns são: epinastia, clorose e deformações em folhas, frutos e caule, além de nanismo.”
Estão entre os patógenos importantes dos citros com cinco espécies, todas pertencentes à família Pospiviroidae: Citrus exocortis viroid (CEVd), Citrus bent leaf viroid (CBLVd), Citrus dwarfing viroid (CDVd), Hop stunt viroid (HSVd) e Citrus bark cracking viroid (CBCVd), além do Citrus viroid original source (CVd-OS) e do Citrus viroid V (CVd-V), propostas como espécies tentativas1. Segundo os pesquisadores, há duas doenças descritas em variedades de citros de importância econômica: (i) a “exocorte”, causada pelo CEVd; (ii) e a “xiloporose”, causada por variantes específicas do HSVd. “O controle dos viroides em citros é baseado em programas de indexação e limpeza de material de propagação.”
“Os sintomas mais comuns em citros são lesões na casca do tronco ou galhos (fendas, caneluras, escamas, descamação, exsudações e impregnações de goma). Os frutos das plantas infectadas podem apresentar alterações na forma e tamanho, e na casca podem aparecer manchas, cancros e suberização. A planta pode apresentar entre nós curtos e um menor desenvolvimento (nanismo). Em campo, a exocorte dos citros caracteriza-se pelo aparecimento de caneluras verticais, escamação e descamação da casca, manchas amarelas nos brotos e nanismo em Poncirus trifoliata e híbridos do grupo citrange, algumas variedades de lima e limão, limão ‘Cravo’, toranja e limeira ácida ‘Tahiti’. Nas combinações afetadas por determinados variantes do CEVd, a copa pode apresentar definhamento, alteração na coloração das folhas e redução de crescimento.”
Normalmente, a associação de viroides com espécies botânicas de importância econômica resulta no desenvolvimento de doença, observam os especialistas. “Entretanto, em um número limitado de interações, a presença de um viroide pode trazer vantagens econômicas. No caso dos citros, essas interações podem ser observadas com determinadas espécies de viroides e combinações de copa/porta-enxerto, sendo notável a indução de nanismo sem resultar em perda da qualidade dos frutos e sem afetar significativamente a produção. Os viroides vêm sendo estudados como agentes indutores de nanismo em citros em diversos países, inclusive no Brasil, sendo recomendados comercialmente para esse fim na Austrália, Israel e Estados Unidos.”
Link: íntegra do artigo “Viroides como alternativa para a indução de nanismo em citros”
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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