Empresas, pesquisadores e cooperativas se reuniram no Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para participarem da 24ª edição do Curso de Controle Microbiano de Insetos e Fungos Entopatogênicos. De caráter teórico e prático, o curso ministrado pelo IB transfere conhecimento na produção de fungos e insetos utilizados no controle biológico de pragas e doenças. A relevância do conteúdo é tamanha que diversas biofábricas começaram suas atividades após treinamento do Instituto.
A 24ª edição do Curso de Controle Microbiano de Insetos e Fungos Entopatogênicos reuniu 48 pessoas oriundas de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais e Maranhão. O treinamento foi realizado de 9 a 12 de maio de 2017, no Centro Experimental do IB em Campinas, interior paulista.
Para José Eduardo Marcondes de Almeida, pesquisador do IB, o objetivo do curso é transferir conhecimentos e tecnologias para viabilizar a expansão do controle biológico de pragas e doenças. “O curso nasceu de uma demanda do setor por Metarhizium anisopliae, utilizado no controle biológico da cigarrinha-da-raiz, uma das principais pragas da cultura da cana-de-açúcar. Naquela época, o setor sucroenegético precisava do Metarhizium, mas não tinha quem produzisse. O IB isolou o fungo, realizou treinamento e a partir daí diversas biofábricas começaram a surgir”, explicou Almeida.
Este é o caso da Biocontrol, localizada em Sertãozinho, interior paulista. Elitamara Morsoletto, diretora de produção da empresa, conta que participou da primeira edição do curso do IB e a partir daí a biofábrica começou a operar e comercializar o Metarhizium para todo o Brasil. “A Biocontrol nasceu depois da primeira edição desse curso do IB. Depois, voltamos no Instituto para aprender a produzir Beuveria bassiana, usada no controle biológico da mosca-branca, e agora viemos novamente para adquirir novos conhecimentos para começar a produzir Trichoderma”, contou.
O Trichoderma age como um agente benéfico, pois além de controlar doenças, auxilia a planta a melhorar seu crescimento e sua produtividade. Esta foi a primeira edição do curso que contou com um dia exclusivo para tratar sobre o fungo. Em todo o País, o Trichoderma é utilizado em 5,5 milhões de hectares para o controle de doenças como mofo branco, fusariose e rizoctoniose, que podem causar prejuízos de até 100% da produção, dependendo da condição ambiental. Isso corresponde a um mercado que movimenta R$ 100 milhões por ano.
A Toyobo Brasil é outro exemplo de empresa que começou a produzir agentes para o controle biológico a partir dos trabalhos de transferência de tecnologia e conhecimento do IB. Marcos Muller, gerente comercial da empresa, participou do curso do IB pela primeira vez em 2004. A partir dai, desenvolveu um projeto na área de controle biológico que foi implementado pela Toyobo.
“Os trabalhos da Toyobo com controle biológico se iniciaram a partir do curso. O IB foi fundamental para isso, pois nos deu o aporte necessário para iniciamos o projeto. A Toyobo Brasil inclusive já exportou essa ideia para outras unidades da empresa em outros países. É um projeto nacional bastante apoiado pela diretoria mundial da multinacional, voltado para a linha de ecologia e sustentabilidade do ambiente”, afirmou.
Almeida estima que o IB atenda 90% das biofábricas brasileiras, localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Rio de Janeiro, Tocantins, Mato Grosso, Paraná e Bahia. “O Brasil tem cerca de 50 biofábricas nessa atividade e o IB atende 46, responsáveis pela geração de mais de dois mil empregos diretos e indiretos. Elas atuam na produção de patógenos para controle de pragas e doenças na cana-de-açúcar, soja, banana e milho”, disse. O instituto de pesquisa paulista já treinou 600 profissionais na área, aproximadamente.
Em 2016, o Instituto firmou parceria com as empresas Stoller do Brasil, em Paulínia; Bionature SRL, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia; Gênica Inovação Biotecnológica, em Piracicaba; e Biosoja Fertilizantes e Inoculantes, em São Joaquim da Barra. O IB também renovou o contrato com a Vital Brasil Chemical Indústria e Comércio de Produtos Químicos, em Barretos; Bellagro Tecnologia, em Bom Jesus dos Perdões; e Tecnicontrol Indústria e Comércio de Produtos Biológicos, em Piracicaba. Neste ano, o Instituto já fechou parceria com o Grupo Beifur e Grupo Scheffer, para implantação de biofábricas.
“Temos trabalhado para criar mecanismos para facilitar essa interação entre nossos institutos e a iniciativa privada. Esta parceria traz retornos positivos para as instituições, empresa e sociedade, por isso, é uma orientação do governador Geraldo Alckmin”, ressaltou Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento.
Por Fernanda Domiciano
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