A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), trabalha na introdução da aquaponia no Estado. Trata-se de um sistema que permite a produção de lambari integrada com hortaliças. Com a tecnologia é possível reduzir em até 95% a quantidade de água necessária para a produção de peixe e diminuir em 80% o uso de agrotóxicos aplicados nas hortaliças.
O projeto de aquaponia consiste em utilizar os resíduos do sistema de produção de peixe para o cultivo hidropônico, em que as plantas não têm contato com o solo e são cultivadas em água e/ou substrato, diminuindo a ocorrência de pragas e doenças. Cada sistema integra um canteiro com 2m², acoplado ao tanque de lambaris com recirculação da água e filtragem.
De acordo com o pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Fernando André Salles, na aquaponia, não há necessidade de renovação de água, pois as plantas capturam o excesso de nutrientes. “A perda de água dentro de um sistema aquapônico em condições normais se dá unicamente por evaporação e transpiração das plantas. A intensidade da perda varia conforme o microclima onde o cultivo está instalado”, afirmou.
A principal vantagem do uso de lambari no sistema é o tempo necessário para que o peixe atinja tamanho comercial, que é de três a quatro meses. Espécies como a tilápia, precisam de oito meses. “O resultado, em termos de produção, é a possibilidade de ter maior número de ciclos ao longo do ano”, disse o pesquisador d APTA, Fábio Sussel.
Além disso, ainda existe a maior rentabilidade do lambari, comparando-o com outros peixes. “Em sistemas comerciais de aquaponia, o lambari é mais rentável quando comparado com outras espécies, por ter valor agregado por unidade, já que é comercializado como isca viva para a pesca esportiva, não havendo perdas e nem custos com abate e processamento”, explicou o pesquisador.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, ressaltou que a técnica desenvolvida pela Agência da Pasta integra ao conceito de harmonizar a agricultura com o meio ambiente, criando métodos cada vez mais sustentáveis. “Todas as técnicas que consigam reduzir a quantidade de água na produção de alimentos são extremamente bem-vinda. Desenvolver e transferir tecnologias relacionadas a água é uma recomendação do governador, Geraldo Alckmin”, disse.
Como funciona o sistema
No sistema aquapônico é possível produzir qualquer hortaliça de fruta ou folhas, além de outras espécies de plantas de valor econômico, como plantas aromáticas e medicinais. Quanto às espécies de peixes, Salles pontuou que não há restrição alguma, desde que sejam adaptadas a condições de confinamento, como trutas e tilápias.
O pesquisador explicou que a proteína presente na ração é metabolizada para formação do tecido muscular do peixe, porém, parte é excretada diretamente pelas brânquias dos animais na forma de amônia ou é perdida por meio das fezes. A amônia, mesmo em baixas concentrações, é tóxica para o peixe. “No sistema de produção aquapônica, a amônia presente na água passa por um filtro biológico em que ocorre a nitrificação, transformando-a em nitritos e em nitratos, este último produto, de baixa toxicidade para os peixes, é prontamente absorvido pelas plantas na produção hidropônica”, diz.
Além dos nitratos, a mineralização dos dejetos dos peixes fornece às plantas boa parte dos elementos necessários ao crescimento, como fósforo, magnésio, enxofre, entre outros. Com isso, não há a necessidade do uso intensivo de fertilizantes químicos. A tecnologia poderá ser utilizada por pequenos, médios e grandes produtores.
I Workshop de Aquaponia
O Polo Regional Centro Leste da APTA, localizado em Ribeirão Preto, realizou em 25 de novembro de 2015 o I Workshop de Aquaponia. O objetivo do treinamento foi ensinar as vantagens do sistema de produção. Os produtores rurais puderam aprender sobre hidroponia e cultivo de hortaliças, lambaris, biofiltragem e outros assuntos relacionados ao sistema.
Por Fernanda Domiciano e Giulia Losnak (Estagiária)
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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