Suinocultor investe para aumentar o consumo interno
Data da postagem: 18 Maio 2007
A cadeia produtiva da suinocultura está empenhada em aumentar o consumo de carne suína no Brasil. Cerca de 80% da produção fica no mercado interno. Por isso, o setor tem investido em cortes diferenciados, seguindo os modelos da carne bovina para deixar de ser a proteína animal menos consumida: 13 quilos per capita anualmente ante aos 36 quilos por habitante por ano para o frango e a carne bovina.
Os resultados dos projetos-pilotos serão analisados hoje em reunião com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, parceiro da empreitada. Os números preliminares mostram sucesso na empreitada. "A apresentação diferenciada tem impacto nas vendas", diz o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini. As primeiras experiências ocorreram em redes varejistas de Cuiabá, São Paulo e Brasília, entre o segundo semestre do ano passado e março deste ano, dependendo do supermercado e da cidade. O resultado mais expressivo ocorreu na capital federal, aumento de 210% nas vendas de fevereiro deste ano na comparação com o mesmo período de 2006. Em São Paulo, os números variaram de 85% a 170%, conforme o supermercado e a época. Em Cuiabá, as vendas foram 70% maiores.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, explica que grande parte dos cortes ainda é feita no varejo, mas que ao longo do tempo será na própria indústria. "Quando começarmos a vender alcatra, filé mignon e outros cortes como os bovinos, teremos preços diferenciados", avalia.
As instituições parceiras não revelam projeções de aumento do consumo, nem investimentos. O presidente da ABCS diz que se a demanda interna for um quilo por habitante maior que a atual, o setor teria de aumentar o alojamento de matrizes em 100 mil fêmeas.
Novos cortes
O projeto prevê medidas como a apresentação da carne suína em cortes menores e mais adequados às exigências dos consumidores, como: menor teor de gordura, de fácil preparação, etc. Tradicionalmente a carne suína é comercializada no Brasil em grandes cortes, como pernil e paleta.
A diferenciação de cortes começa a chegar, ainda neste semestre, à rede varejista de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
Mercado
"O mercado interno é o grande gargalo", diz o pesquisador Thiago Bernardino Carvalho, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Segundo ele, o setor vive hoje uma crise provocada pelo excesso de oferta.
As exportações de carne suína, que balizam as cotações internas, ainda não recuperaram os volumes registrados em 2005, antes do embargo russo imposto devido ao foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná. Segundo o Cepea/USP, os preços pagos aos produtores acumulam queda de 20% no ano e, de acordo com a ABCS, estão abaixo do custo de produção.