Data da postagem: 02 Abril 2009
O dia 8 de abril de 1969 marca a criação do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que representa a continuidade, em nível mais avançado, dos trabalhos envolvendo a pesca e a aquicultura, realizados há décadas no Estado de São Paulo. O IP foi o primeiro órgão de pesquisa brasileiro a apresentar atribuições direcionadas ao estudo de ecossistemas aquáticos e à biologia de organismos marinhos e continentais.
A instituição iniciou o desenvolvimento de estudos de ecossistemas aquáticos continentais, com vistas ao povoamento e repovoamento com espécies indicadas. Na década de 1970, foi a única instituição, no Estado, a manter pesquisas regulares em aquicultura, com importantes resultados relacionados ao cultivo de trutas, ostras e mexilhões, dentre outros organismos aquáticos.
Outro avanço do IP relaciona-se a pesquisas sobre reprodução induzida, sendo pioneiro em crioconservação de sêmen de peixes. Ele foi ainda precursor de programas de estudo de doenças de organismos aquáticos. Para apoio a pesquisas, o Instituto instalou bases regionais em Pirassununga, Pindamonhangaba, Pariquera-açu, Campos do Jordão, Ubatuba e Cananéia.
Em 1972, a instituição, também caracterizada como órgão de prestação de serviços, procurou aproximar-se do usuário da tecnologia que gerava, passando a desenvolver cursos sobre tecnologia de pesca, manutenção de motores, aparelhos de pesca, aparelhos hidráulicos e rádio-comunicação, bem como a produzir peixes para incentivo à piscicultura. Além disso, implantou a ranicultura paulista, povoou rios de montanha no Estado de São Paulo, desenvolveu pesquisas em ostreicultura, etc..
Na década de 1980, a instituição caracterizou-se definitivamente como órgão de referência técnica, em razão dos avanços tecnológicos na área de cultivo de organismos aquáticos, comenta a pesquisadora Patrícia de Paiva. No final dessa década, resultados de pesquisas passaram a ser direcionados a usuários, através da realização de cursos, palestras, encontros, dias de campo, etc..
Em 1981, criou-se o projeto Pró-peixe, envolvendo o Instituto de Pesca e a CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), visando à implantação de piscigranjas. O trabalho foi iniciado em Ribeirão Preto.
Na década de 1990, procurou-se detectar a demanda do setor privado, priorizando pesquisas sobre tecnologias destinadas ao aumento da produtividade piscícola, que certamente tiveram reflexos sócio-econômicos positivos para as comunidades rurais, revela o pesquisador aposentado Helio Ladislau Stempniewski. Para agilizar o setor da aquicultura, o IP criou em 1991 o Plano de Atendimento à Demanda de Alevinos, através do Projeto Fomentar, destinado à orientação técnica a prefeituras e outros órgãos públicos e a empresas privadas.
Em 1991 inaugurou-se o Laboratório de Carcinicultura, no Parque Fernando Costa, com capacidade para produzir anualmente 400.000 pós-larvas do camarão de água doce Macrobrachium rosenbergii. Ainda nesse ano aconteceram: a construção de tanques no Centro de Pesquisa em Aquicultura do Vale do Ribeira; a ampliação das instalações do laboratório de reprodução de peixes marinhos da Base de Pesquisa de Cananéia; o início das atividades da Fazenda Experimental de Cultivo de Mexilhões, na Base de Ubatuba; e o reinício dos trabalhos de repovoamento de rios do Estado.
Em 1993, concluíram-se as novas instalações do Setor de Patologia de Organismos Aquáticos, que contribuiu para o avanço dos estudos de moléstias parasitárias e infecciosas e para a operacionalização de métodos de diagnóstico de doenças em organismos aquáticos.
Em 2000, criou-se a Unidade Laboratorial de Referência em Tecnologia do Pescado, em Santos, área de pesquisa até então vinculada ao ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), em sua Usina Piloto do Guarujá, conta a pesquisadora Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, diretora da Unidade. Atualmente, esse laboratório desenvolve novos produtos e processos, pesquisa matérias-primas para a indústria do pescado e estuda e aplica métodos de controle de qualidade.
Em 2008, a Unidade foi modernizada para obter certificação junto a órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), contando com Planta de Processamento de Pescado, Cozinha Experimental, Laboratório de Análises Físico-químicas, Laboratório de Análises Microbiológicas e Laboratório de Análises Sensoriais.
Em 2005, implantou-se o Centro do Pescado Continental, em São José do Rio Preto. Lá serão construídos três laboratórios a fim de compor um centro nacional de referência para pesquisas em pesca e aquicultura. O objetivo é alavancar o crescimento do segmento da produção de pescado continental, especialmente na região Centro-Norte paulista, diz Nilton Eduardo Torres Rojas, diretor do Centro.
Ações atuais
Paralelamente às atividades na área da investigação científica, o Instituto de Pesca desenvolve as seguintes atividades:
- coleta e processamento sistemáticos de dados de produção e esforço de pesca;
- transferência de tecnologia em cultivo de bivalves marinhos (ostra e mexilhão) para comunidades de pescadores artesanais;
- análise de qualidade (física, química e biológica) de água para cultivo;
- consolidação de processos inovadores de processamento e qualidade de produtos pesqueiros, agregando valor ao pescado;
- emissão de laudos e pareceres sobre qualidade de pescado e produtos derivados, contribuindo para a segurança alimentar da população;
- diagnóstico e profilaxia de doenças em peixes;
- assessoria técnica a criadores de organismos aquáticos, pescadores, associações e empresários da pesca;
- assessoria a órgãos dos Poderes Legislativo e Executivo na formulação de ementário para o setor pesqueiro;
- realização de cursos técnicos e eventos especiais enfocando diferentes necessidades da cadeia produtiva do pescado;
- disponibilização ao público do Aquário do Parque da Água Branca (em São Paulo) e do Museu de Pesca (em Santos), com finalidades científico-culturais, educacionais, turísticas e de lazer;
- assessoria a órgãos governamentais na formulação e implantação de políticas públicas para o setor pesqueiro;
- ordenamento pesqueiro continental nas principais bacias hidrográficas, em especial na bacia do Alto Paraná;
- gestão participativa do uso dos recursos pesqueiros no complexo estuarino-lagunar de Iguape, Cananéia, Ilha Comprida e área costeira adjacente;
- diagnóstico e orientação de medidas profiláticas de doenças em peixes;
- análises de água; prospecção de demandas;
- desenvolvimento de programa de pós-graduação (mestrado "stricto sensu") em aquicultura e pesca;
- oferecimento de estágio a estudantes de nível superior e médio, em diferentes áreas da atuação institucional;
- disponibilização de informações atualizadas "on line" sobre pesca e aquicultura, dentre outras.
O Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Pesca do Instituto de Pesca, em nível de Mestrado, foi criado oficialmente em 2004. Até dezembro de 2008, foram apresentadas 41 dissertações, informa o pesquisador Hélcio Luis de Almeida Marques, coordenador do Programa.
Para sintetizar estes 40 anos, o diretor geral do IP, Edison Kubo, valoriza a tradição do diálogo que o Instituto sempre manteve com o setor produtivo, tanto da pesca quanto da aquicultura, fato este que tem beneficiado a ciência, a economia e a sociedade. Cooperar para garantir a sustentabilidade, a disponibilidade e a qualidade de recursos pesqueiros é o objetivo da ação institucional que se dá através da pesquisa, da difusão do conhecimento especializado e da orientação técnica, seja diretamente ao produtor e consumidor seja pela participação em colegiados envolvidos no gerenciamento amplo do setor pesqueiro nacional.
Para Cristiane Neiva, é função do IP promover a integração do segmento pesqueiro via parcerias entre órgãos normativos, o setor produtivo, a extensão e a pesquisa científica para subsidiar e alavancar as iniciativas de desenvolvimento do agronegócio do pescado, sempre com o foco na sustentabilidade e segurança alimentar.
Outras informações podem ser obtidas no site www.pesca.sp.gov.br.
SERVIÇO:
"Aniversário de 40 anos do Instituto de Pesca"
Data: 14 de abril, às 15 horas
Local: Museu de Pesca - Avenida Bartolomeu de Gusmão, 192 (após o Aquário Municipal de Santos) - Santos - SP
Tel.: (13) 3261-5995 ou 3261-1900
Centro de Comunicação do Instituto de Pesca
Antônio Carlos Simões/Márcia Navarro Cipólli
(13) 3261-5474/e-mail: antoniosimoes@sp.gov.br
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
(11) 5067-0424