O Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, intensificará suas atividades de pesquisa e transferência de tecnologias de novas cultivares, especialmente para o setor sucroenergético. De acordo com o diretor-geral do instituto, Sérgio Augusto Morais Carbonell, o órgão pretende ampliar projetos de pesquisa inseridos na matriz energética nacional, além de desenvolver ações que poderão resultar no crescimento da adoção de variedades de cana IAC.
Uma das vertentes é ampliar o sistema de Mudas Pré-Brotadas. Esse método de plantio de cana-de-açúcar foi desenvolvido Centro de Cana IAC, a partir de mudas de alta qualidade, livres de doenças e pragas e que garante taxa de multiplicação muito maior do que a realizada por meio do plantio tradicional. O objetivo é melhorar a qualidade do produto e aumentar a produtividade nas lavouras em até 20%. “Trata-se de um novo conceito no método de multiplicação da cana-de-açúcar, reduzindo volume e levando para o campo efetivamente uma planta", diz Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro de Cana IAC.
A implantação dos núcleos de MPB pode auxiliar na retomada de competitividade do mercado canavieiro, em meio à crise do setor, afirma Arnaldo Jardim. “A produtividade da cana-de-açúcar, a partir das MPB é mais vantajosa em termos de rendimento. O aumento de produtividade já na primeira colheita pode ser maior, podendo chegar a 100 hectares de cana produzida”, diz o secretário, lembrando que a Pasta segue orientação do governador Geraldo Alckmin de disseminar o conhecimento aos produtores rurais.
Citricultura
Na área de citros, está prevista a continuidade da participação nos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), por meio do Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” do IAC, que teve projeto recentemente aprovado, no valor de R$ 6.816.220,11.
Este Centro do IAC é um dos Institutos do Milênio, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que, no período de 2002 a 2005, desenvolveu extenso banco de dados de genoma expresso de citros.
Nessa nova etapa, o INCT-Citrus representa não só a continuidade do programa do Instituto do Milênio, agregando as principais equipes que trabalham com citros no Brasil, mas também focalizando os temas relacionados ao melhoramento genético e genoma funcional do grupo citros, procurando integrar as três plataformas: Informação Genômica, Aplicação Genômica e Aplicação Genética.
Também na área de citricultura, será dada continuidade ao Programa Citricultura Nota 10, que visa aperfeiçoar a produção de citros de mesa de alta qualidade e destinadas ao consumo in natura.
Em 2016, o Centro de Citricultura do IAC disponibilizou cerca de 60 variedades copa e porta-enxertos, sendo que a maioria destas apresenta características que as diferenciam das atualmente plantadas no Estado, principalmente em relação à tolerância às doenças e ao estresse hídrico. “Neste primeiro ano do Programa foram estabelecidas diversas parcerias com produtores de citros de mesa, resultando no planejamento de 25 áreas de validação em oito diferentes locais do Estado de São Paulo e Minas Gerais”, diz a pesquisadora do IAC, Mariângela Cristofani Yaly.
De acordo com a pesquisadora, estas áreas vão contemplar nove grupos de variedades de laranjas comuns, baía, polpa vermelha e sanguínea, além de tangerinas comuns, tipo Ponkan, tipo Murcott e mexericas. “Serão 40 variedades copa em avaliação e nove variedades de porta-enxerto, incluindo novos citrandarins semiananicantes e resistentes à gomose e à seca”, completa.
Parcerias
Outra frente de atuação do IAC para 2017 está relacionada ao Agropolo Campinas-Brasil, plataforma inspirada no modelo de Agropolis International e fundamentada no conceito da inovação colaborativa como uma nova estratégia para promover pesquisa, desenvolvimento e inovações tecnológicas de produtos e serviços.
Será dada continuidade à realização de ciclos de seminários, iniciados em 2016, para internacionalização e mobilização do Agropolo Campinas-Brasil, a fim de definir e detalhar projetos pilotos.
Esta ação conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), em projeto aprovado em 2016, sob coordenação do Instituto Agronômico, no valor de R$ 1.071.079,00. “Serão definidas áreas temáticas para atuação das câmaras, estruturação dos projetos pilotos e indicadores para avaliação do desenvolvimento e resultados anuais. Também será estruturado o programa de treinamento de empreendedores e startups voltadas para o setor agrotecnológico”, diz o diretor do IAC.
Um novo projeto, chamado “Reciclar Verde: compostagem de resíduos vegetais”, firmado com a Prefeitura Municipal de Campinas prevê estudos técnicos em áreas de compostagem de resíduos urbanos vegetais na região de Campinas que removerá os resíduos oriundos de podas e manutenção das áreas verdes de Campinas e a destinação destes materiais para um espaço no Centro Experimental Central do IAC, onde será transformado em composto orgânico.
Ainda na esfera da parceria, um acordo de cooperação técnico-científica entre IAC e Centrais de Abastecimento de Campinas S.A. (Ceasa Campinas) deverá ser formalizado, em 2017, visando à integração e ao desenvolvimento de estudos de padronização no setor de frutas, legumes e verduras (FLV).
O objetivo é unificar a linguagem de mercado, a transparência na comercialização, a obtenção de melhores preços para produtores e consumidores, além de redução do desperdício, melhoria da qualidade e estabelecimento de normas e regras de boas práticas para pequenos produtores. “Tais estudos serão desenvolvidos nas dependências do Ceasa e do IAC, especialmente no Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-colheita”, diz Carbonell.