Os trabalhos visam o desenvolvimento de pesquisas científicas para o desenvolvimento de vacinas contra outras bactérias: Francisella noatunensis subsp. orientalis, Streptococcus agalactiae (tipo Ib e III) e Aeromonas hydrophila, assim como estudos para a produção de uma vacina polivalente.
O Instituto presta serviços de avaliação da eficácia de vacinas frente algumas bactérias patogênicas da tilápia-do-nilo. “Em 2019, iniciamos o desenvolvimento de uma vacina que consiste em deletar genes de patogenicidade da bactéria contra a bactéria F. noatunensis subsp. orientalis e, possivelmente, utilizar como uma vacina viva. Um desafio bem ousado para aumentar as armas dos produtores contra esta doença de grande impacto na tilapicultura nacional”, informa o diretor do Centro de Pesquisa de Aquicultura, pesquisador científico Leonardo Tachibana.
As doenças infecciosas são um grande desafio para a criação de peixes e podem afetar diretamente a sustentabilidade do negócio, pois podem se espalhar rapidamente entre os animais, elevando as taxas de mortalidade, os custos da produção pela utilização de medicamentos, como os antibióticos, além de impactarem negativamente a produção, reduzindo o potencial zootécnico dos animais sobreviventes.
As pesquisas visam beneficiar principalmente a aquicultura, criação de organismos aquáticos ou que em algum momento da vida possua fase aquática, que está em pleno crescimento em todo o mundo. No Brasil, a cadeia produtiva do pescado se beneficiou com o emprego de sistemas de criação intensiva e de alta estocagem de peixes, o que permitiu maior produtividade, tornando os empreendimentos economicamente viáveis. Por outro lado, esses sistemas podem causar aumento nos surtos de doenças infecciosas pelo maior contato entre os animais.
Tachibana, explica que “o uso de antibióticos para o tratamento de doenças bacterianas na aquicultura também traz uma série de preocupações em relação ao impacto dos resíduos no meio ambiente e na segurança alimentar da população. A sua utilização também tem sido muito questionada devido à proliferação de bactérias resistentes, que podem representar um risco para a saúde de outras espécies animais, bem como a humana”.
Neste cenário, a utilização de vacinas na aquicultura tem se tornado a ferramenta mais importante para o controle de enfermidades bacterianas e virais. Um dos motivos para o sucesso da criação de salmão na Noruega, por exemplo, foi a utilização em larga escala de diversas vacinas. A indústria do salmão no Chile e na Noruega vivenciaram uma drástica redução no uso de antibióticos desde a introdução de vacinas.
Existem inúmeras infecções causadas por bactérias em organismos aquáticos, no entanto, atualmente, existem apenas uma vacina autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para uso em peixes, contra o Streptococcus agalactiae sorotipo 1b, principal agente causador de doença em mortalidade, sobretudo em sistemas de engorda. Desta forma, é notório que existe um vasto campo para o estudo e o desenvolvimento de novos produtos nesta área.