bannergov2023 
×

Aviso

There is no category chosen or category doesn't contain any items

Pesquisa APTA identifica variedades resistentes e manejo adequado para produção orgânica de batata

Pesquisa realizada pela APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) identifica variedades de batata adaptadas ao sistema orgânico e recomenda manejo eficiente para controlar a ocorrência de pragas e doenças na produção de batata. O resultado da pesquisa vem responder ao principal entrave do cultivo orgânico de batata, que tem mercado crescente. A maior dificuldade técnica para produzir batata de forma orgânica está nas variedades, já que a bataticultura exige grandes quantidades de agroquímicos, o que, além de impactar o ambiente, pode resultar em elevada concentração de resíduos no produto. Destinada a avaliar a resistência de variedades de batata a pragas e doenças e a produção no sistema orgânico, a pesquisa teve início em 2002, quando o pesquisador da APTA, Joaquim Adelino, começou o estudo de materiais desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA). Em 2006, foram introduzidas novas variedades para avaliar o comportamento. Multiplicados os materiais, foi feito o plantio em junho e julho de 2007. Os experimentos foram conduzidos nos Pólos da APTA, em Monte Alegre e em Piracicaba, e na área do produtor Elias Rodrigues de Moraes, em Socorro, município que tem oito produtores de orgânicos, sistema que busca, além da nutrição da planta, a melhoria da fertilidade do solo e do conjunto de produção. De acordo com o pesquisador, o estudo mostrou a viabilidade do sistema e o manejo adotado pelos pesquisadores foi eficiente inclusive para controlar a requeima, doença fúngica que é o maior limitante à produção orgânica de batata. “A requeima realmente queima a batata, como se tivesse passado fogo”, diz Adelino. No experimento em Socorro, o produtor fez o controle preventivo à base de calda bordaleza, que não impediu a ocorrência da requeima nas variedades sem resistência (Asterix, Cupido Melody e Éden). Nestas a colheita variou de 800 a 2.100 gramas apenas. Já nas parcelas com variedades resistentes (Ibitu-açu, Apuã, Aracy, Itararé e Catucha) a colheita variou de 16 a 20 kg. A variedade Ágata apresentou resistência intermediária, produzindo 8 kg. “Esses dados revelam a importância da pesquisa para incorporar resistência a doenças”, diz Adelino, que contou com a colaboração de Fabrício Rossi, estudante de doutorado, orientado pelo professor da Esalq-USP, Paulo César Tavares de Melo. Nos experimentos feitos na APTA, não houve nenhuma ocorrência de doença e não foi utilizado controle preventivo, porém a produção foi menor, variando de 8 a 12,5 kg por parcela. Segundo o pesquisador, as causas da ocorrência de doença podem estar relacionadas às diferenças de micro-clima ou ao uso de adubo orgânico concentrado, feito pelo produtor e não adotado no experimento no Pólo da APTA, que utiliza composto oriundo de restos vegetais. “O produtor usa mais adubo orgânico, com mais nitrogênio, que pode ter causado pré-disposição à doença”, diz Joaquim Adelino. No sistema convencional, em geral, a requeima exige aplicações de defensivos a cada dois dias, elevando o custo, a mão-de-obra e os impactos para o ambiente e para a saúde do trabalhador rural. Foram os custos de agroquímicos e os reflexos sentidos na saúde que fizeram o produtor Elias Rodrigues de Moraes, do Sítio Pereiras, em Socorro, deixar o sistema convencional e adotar o orgânico. Parceiro da APTA nessa pesquisa, ele diz que o estudo foi bom para escolher a variedade mais adaptada para a região e ao sistema orgânico. “Agora vamos multiplicar os materiais para aumentar o banco de sementes”, diz. Segundo o produtor, que está há dez anos no setor de orgânicos, as variedades que ele produzia antes da pesquisa eram bem menos resistentes a pragas e doenças e com menor produtividade. “As plantas tinham problemas de doenças na parte aérea e na raiz”, diz. O produtor explica que a pesquisa revelou também os melhores materiais, considerando o paladar e a adequação para cozimento ou para fritura. “No mercado de orgânico, o consumidor prefere a batata para cozinhar, pela opção pelo saudável”, diz o produtor. No estudo realizado, as variedades que se mostraram mais resistentes e produtivas (Ibitu-açu, Apuã e Catucha, sendo as duas primeiras do IAC e a terceira da Epagri-SC) são adequadas para cozinhar. Na parceria com o produtor, a APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, forneceu material para plantio e ele conduziu a cultura normalmente, como faz em sua atividade. No Sítio Pereiras, certificado pelo Instituto Biodinâmico, as batatas envolvidas na pesquisa foram comparadas com outros materiais cultivados na propriedade. Nos experimentos no Pólo da APTA, não foram aplicados produtos para controlar pragas ou doenças, justamente para avaliar a resistência dos materiais envolvidos no estudo. Os pesquisadores procuraram manter o controle apenas por meio de manejo adequado. Na região de Monte Alegre é bastante presente a produção orgânica, que é crescente também em outras regiões. “Essa pesquisa visa oferecer opções ao setor produtivo, com a agregação de valor proporcionada pelo produto orgânico, e contribuir com o segmento que tem no Brasil o maior consumidor da América Latina”, diz o coordenador da APTA, João Paulo Feijão Teixeira. Embora com grande demanda, a maioria da produção de batata no Brasil ainda é feita com material importado, que não tem resistência à requeima, segundo Joaquim Adelino. Produtividade e preço Na briga com as pragas e doenças da bataticultura, a produtividade no sistema orgânico é 50% inferior ao convencional. Porém, o melhor preço do produto e o menor custo de produção no sistema orgânico resultam em melhor remuneração para o agricultor que adota o sistema sustentável. Segundo o pesquisador da APTA, Joaquim Adelino, no mercado de orgânicos o preço é o mesmo o ano todo, independentemente das oscilações do agronegócio. O produtor vende o quilo da batata orgânica por R$ 2,00, enquanto a convencional varia de R$ 0,30, em períodos de baixa, a R$ 1,00, nos melhores momentos, como o atual. Já para o consumidor, a batata livre de agroquímicos custa em torno de R$ 7,00 o kg. Segundo Elias Moraes, que também produz milho, morango, abóbora, berinjela e tomate, o ganho no valor do produto compensa a menor produtividade, além de o custo de produção também ser inferior no orgânico, já que dispensa os agroquímicos. A batata orgânica é produzida em pequenas propriedades. O produtor explica que ele mantém um cronograma anual de plantio, em que faz rotação de culturas, inclusive para prevenir doenças. Central de Comunicação – APTA Jornalista Carla Gomes (Mtb 28156) imprensaapta@apta.sp.gov.br

Notícias por Ano