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Estudo inédito mostra resistência do carrapato bovino a carrapaticidas

Estudo inédito de resistência do carrapato do boi aos carrapaticidas usados nas diferentes regiões de São Paulo foi realizado, em 2007 e 2008, pelo Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico (IB-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em parceria com seis Pólos Regionais da APTA e o Laboratório de Parasitologia Experimental e Aplicada do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Para verificar a resistência, foram realizados testes usando as larvas dos carrapatos, a fim de se obter o nível de resistência aos produtos mais utilizados para o seu controle, diz a pesquisadora do IB, Márcia Mendes. “Os resultados mostram que os casos positivos para carrapatos resistentes aos piretróides foram altos em todas as regiões analisadas, passando de 83,33% em 2007 para 100% em 2008 no caso da deltametrina e de 83,33% em 2007 para 84,21% em 2008, considerando a resistência a cipermetrina.” Para o organofosforado clorpirifós, os casos positivos foram de 50% em 2007 e 95% em 2008, prossegue a pesquisadora. “Levando-se em consideração que a maioria das propriedades utilizou este produto durante o período do estudo, o aumento da prevalência da resistência já era esperado.” No caso da ivermectina, a resistência ocorreu em 30% das fazendas analisadas no ano de 2007 e 56,25% em 2008. “Possivelmente, o aumento da resistência a essa droga está ligado ao seu uso como alternativa aos demais carrapaticidas com resistência já desenvolvida. As lactonas macrocíclicas se caracterizam por apresentar um longo período de ação residual, chegando a 120 dias em alguns casos, fator que favorece a seleção de cepas resistentes.” Fazendas de leite Para isso, foram acompanhadas pequenas fazendas de gado de leite no interior do Estado. Inicialmente, foi feito um questionário para verificar os métodos que o produtor usa para controlar o carrapato, como a escolha do carrapaticida, produtos usados, modo e freqüência da aplicação. Também foram coletadas amostras para verificar a resistência em ensaios de laboratório. De acordo com o questionário aplicado, de forma geral, já foram utilizados todos os grupos químicos disponíveis para o controle do carrapato -organofosforados, formamidinas (amitraz), piretróides (cipermetrina e deltametrina), lactonas macrocíclicas (avermectinas) e os fenilpirazóis (fipronil). “A maioria dos produtores não possui critérios para a escolha do carrapaticida; segue a indicação de vendedores ou vizinhos e faz o tratamento somente quando visualiza os carrapatos”, diz Márcia Mendes. O parasitismo dos bovinos pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é uma das principais causas de perdas econômicas na pecuária. É responsável por prejuízos de 1 bilhão de dólares ao ano na América Latina e 7 bilhões de dólares no mundo, segundo estimativa de 2004 da FAO. “Os prejuízos são determinados pela diminuição do ganho de peso, da produção de leite, danos no couro provocados pelas picadas, além de transmitirem o protozoário Babesia sp, agente causador do complexo Tristeza Parasitária Bovina, que pode levar à morte”, observa a pesquisadora do IB. Na região Sudeste, o carrapato está presente ao longo de todo ano, com maior prevalência nos meses mais quentes e úmidos, de setembro a abril. Recomendações O uso de carrapaticidas é o principal meio de combate da praga há pelo menos 60 anos e, devido à insistente aplicação de drogas, foi inevitável o desenvolvimento de populações de carrapatos resistentes, explica Márcia Mendes. “Atualmente, das sete classes de carrapaticidas registrados no Brasil, cinco estão comprometidas parcial ou totalmente pela resistência, dependendo da fazenda ou região. Como agravante, a existência de populações resistentes, na maioria dos casos, leva a uma maior frequência de aplicações dos produtos, o que pode intensificar a resistência e provocar a presença de resíduos em níveis acima do tolerado em alimentos como a carne e o leite.” Assim, a pesquisadora sugere a realização anual do biocarrapaticidograma para verificar qual o produto mais indicado para o tratamento dos bovinos. O serviço é oferecido pelo Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico. Além disso, ela indica que o tratamento seja feito somente nos animais mais sensíveis à infestação por carrapatos, quando os parasitos ainda se encontram na sua forma jovem (larvas e ninfas), lembrando de utilizar a dosagem correta do produto, aplicando-o por todo o animal, no caso da pulverização. Participaram ainda do estudo os pesquisadores da APTA Eidi Yoshihara, Daniela Pontes Chiebao, Fábio Henrique de Lima Gabriel, Adriana H. C. Nogueira, Daniel Cardoso, Camila K. Pinto Lima, Tatiana Evelyn Hayama Ueno e José A. Adami, bem como Guilherme Marcondes Klafke da Universidade de São Paulo (USP). Assessoria de Comunicação da APTA José Venâncio/Adriana Nascimento (11) 5067-0424

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