Data da postagem: 28 Novembro 2013
Engana-se quem pensa que a finalidade da amoreira é apenas produzir amora. O principal uso da amoreira está nas folhas, que servem para alimentar o bicho-da-seda para a produção do casulo e extração do fio de seda. A produção do bicho-da-seda – sericicultura – é uma atividade desenvolvida, em geral, em pequenas e médias propriedades rurais, utilizando mão de obra familiar. Essa característica a coloca como uma importante atividade socioeconômica para determinadas regiões do Brasil, como o Centro-Oeste do Estado de São Paulo e o Norte do Paraná. Em praticamente todas as plantações comerciais de amoreira no Brasil, os produtores rurais cortam os ramos pelo método de cepo, eliminando toda a parte aérea da planta, o que exige frequentes adubações. As reformas periódicas da lavoura precisam ser feitas, em média, a cada dez anos, tendo em vista o enfraquecimento dos órgãos de reserva e, consequentemente, menor longevidade da planta.
A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália, realiza pesquisa inédita para introdução de uma nova forma de produção de amoreira, a chamada condução em fuste. “Conduzir uma planta em fuste é manejá-la para que seja formado um arbusto ou árvore – conforme a altura do tronco. A condução da amoreira, dessa forma, é utilizada em países asiáticos e europeus, sendo comum no meio urbano, como em praças, jardins e avenidas, e também no rural, em pomares, mas ainda não para a produção comercial”, afirma Antonio José Porto, pesquisador da APTA. Com o método, o produtor pode triplicar a vida útil da sua lavoura, além de utilizar áreas pouco exploradas nas propriedades rurais e cultivar a amoreira em consórcio com outras culturas e com a criação de animais.
Segundo Porto, existem três formas para conduzir uma planta em fuste: o fuste baixo, em que a planta é mantida a uma altura máxima de 0,3 metro do solo, fuste médio, de 0,3 a 1,5 metro do solo, e fuste alto, superior a 1,5 metro. Para o pesquisador da APTA, a escolha da melhor forma de condução da produção dependerá das necessidades do produtor. O pesquisador explica que caso o local não tenha acesso de animais, ele pode utilizar o fuste mais baixo, o que facilita o corte dos ramos ou a coleta dos frutos. Se tiver presença de animais, a altura será definida conforme a espécie. Outra informação importante é a cultura que será consorciada.
“As plantas produzidas em sistema de fuste são pouco afetadas por seca ou doenças e apresentam uma vida produtiva longa, devido ao desenvolvimento do sistema radicular”, explica Porto. O pesquisador afirma, porém, que quando comparado com o sistema de cepo, o período do plantio até a colheita é mais longo e está sujeito ao ataque de pragas.
A utilização de outros sistemas de condução e produção da amoreira, em várias regiões produtoras do mundo, tem despertado interesse. Segundo Porto, isso ocorre principalmente quando se observa tendências de diminuição do módulo produtivo e a possibilidade da expansão da atividade pelo ingresso de novos produtores, ao se considerar o uso de tecnologias que permitam melhorar o aproveitamento de áreas pouco exploradas e a aplicação de sistemas integrados. “Na China, milhões de árvores de amoreira são espalhadas em áreas acidentadas e montanhosas, não competindo com outras culturas. Esse método abre um leque de oportunidades que pode revolucionar a sericultura Nacional”, afirma o pesquisador da APTA.
A produção consorciada da amoreira com culturas diversas é outra técnica utilizada. A amoreira pode ser consorciada com o coco. “Quando plantada entre as fileiras de chá ou café, proporcionam sombra para essas plantas, fornecendo ainda quantidade considerável de folha para a criação do bicho-da-seda e alimentação de animais, além de produzir ramos que podem ser podados e utilizados como fonte de lenha”, explica.
A APTA segue com pesquisas relacionadas ao sistema, com o objetivo de conhecer as melhores cultivares de amoreira para a condução em fuste, o melhor espaçamento adequado entre árvores, o custo de formação e condução, as pragas e doenças que poderão atacar a planta, entre outras.
Texto: Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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