A agricultura de precisão é um mecanismo suporte para o direcionamento do processo de rastreabilidade, visando melhorar o desempenho técnico e econômico do empreendimento agrícola, bem como a qualidade da produção. Esta é a conclusão do artigo “Agricultura de precisão e a rastreabilidade de produtos agrícolas”, da pesquisadora Fernanda de Paiva Badiz Furlaneto, do Polo Centro Paulista/APTA vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e do engenheiro agrônomo Leandro Moreira Manzano, de Botucatu (SP).
Para os autores do trabalho, o sistema de agricultura de precisão possui ferramentas importantes para o processo de rastreabilidade de produtos agrícolas. Também torna o método mais efetivo para assegurar uma cadeia alimentar mais segura e conectar produtores e consumidores.
Algumas das ferramentas utilizadas na agricultura de precisão para a rastrebilidade de produtos agropecuários são o GPS (Global System Positions) ou GNSS (Global Navigation System Satelite); o SIG (Sistemas de Informações Geográficas) e software de mapeamento; técnicas de taxa variável; e sistema de mapeamento.
Segundo os pesquisadores, o uso do GPS permite associar a informação de latitude e longitude aos dados obtidos de um local específico do campo, tornando um componente essencial para a maioria das aplicações de agricultura de precisão baseadas em mapeamento do solo. Ressaltam que as aplicações de sensoriamento em tempo real e posicionamento em tempo real são baseados no sistema GPS.
Furlaneto e Manzano citam, por exemplo, pesquisas realizadas no sul do Brasil (Tibola et al., 2008) que mostram a eficiência do processo de rastreabilidade na produção de pêssego. A produção foi mapeada, desde as práticas horticulturais discriminadas em cadernos de campo e localização de parcelas de colheitas por meio de um aparelho GPS até a etiquetagem de embalagens de transportes com código de barras, para possível identificação do lote no campo.
Todas as informações geradas foram armazenadas em bancos de dados e disponibilizadas aos consumidores através de um servidor na internet, garantindo a transparência da produção. O processo garantiu a obtenção de vantagens competitivas no mercado, devido ao aumento da qualidade do produto e a sua credibilidade, principalmente no atendimento à crescente demanda (no Brasil e no exterior) por produtos de qualidade, seguros e produzidos sob condições ambientais corretas.
Quanto ao SIG e software de mapeamento, os dados geográficos digitais, que podem ser armazenados, analisados e mostrados de diferentes maneiras, formam o núcleo da agricultura de precisão, dizem os pesquisadores. “Os pacotes de software que são usados para manusear estes dados, chamados SIG, estão disponíveis em uma gama de capacidades e custos.”
Estes softwares estão sendo difundidos, atualmente, na pecuária de precisão, relata o estudo. “A integração das novas tecnologias com o conhecimento do comportamento animal permite reduzir impactos ambientais negativos como o sobrepastejo (LACA, 2009). O monitoramento conjunto das diferentes atividades (pastejo, ruminação, descanso etc.) e de sua posição por GPS pode tornar-se uma ferramenta decisiva na identificação dos componentes preferidos da dieta. Com essa informação prévia, pode-se identificar e delimitar áreas de preferência, bem como promover o aumento dos componentes preferidos ou do valor percebido de um determinado sítio, permitindo progressos que, num curto prazo, subsidiarão inferências mais precisas acerca do manejo da lotação e da utilização sustentável das pastagens (LACA, 2008).”
Em relação às técnicas de taxa variável, os aplicadores de insumos variam entre espalhadoras de sementes, espalhadores de fertilizantes (adubadeiras), pulverizadores de pesticidas e espalhadores de corretivos (calcalhadeiras), dizem os autores do trabalho. “Os VRTs (Variable-Rate Technology) são controles especializados, que variam a quantidade de material depositado, concentração do insumo ou ainda proporção entre diferentes materiais de acordo com dados de mapas georreferenciados e unidades de comando que armazenam as informações para o plano de aplicação de insumos em cada local específico.”
Já os sistemas de mapeamento da colheita são capazes de armazenar as informações relativas à produtividade durante o processo da colheita, georreferenciando os dados e adicionando as características da safra colhida. Os mapas resultantes “são usados para ratificar as decisões de gerenciamento e manejo do campo. Além do mapeamento da colheita, as ferramentas disponíveis na agricultura de precisão possibilitam também o mapeamento de plantas daninhas e em determinadas circunstâncias o mapeamento de pragas e doenças”, mostra o estudo.
Vantagens
Os autores do estudo apontam vantagens da rastreabilidade para os consumidores e os setores privado e público. “Os consumidores podem obter produtos com maior segurança alimentar, pois a rastreabilidade possibilita a retirada de produtos do mercado em caso de uma situação de risco. Ao setor privado e público possibilita o diagnóstico de problemas e falhas técnicas e sanitárias em todas as fases produtivas, permitindo dessa forma agilidade na tomada de decisão do produtor/fabricante visando evitar maiores prejuízos aos consumidores.”
A rastreabilidade está relacionada com obrigatoriedade de implantação de sistemas de qualidade em indústrias agro-alimentares, dizem Furlaneto e Manzano. Já no setor rural “é uma ferramenta eficaz de gestão do agronegócio, pois possibilita a otimização do uso de maquinários, implementos e insumos agrícolas e permite, com rapidez, a identificação de procedimentos técnicos deficientes no sistema de produção por meio da disponibilização de informações atuais e complexas de toda a empresa rural”.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail fernandafurlaneto@apta.sp.gov.br
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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