Com a participação de três institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o 3º Workshop Bioeconomia organizado pelo Agropolo Campinas-Brasil reuniu cerca de 100 representantes da indústria e de instituições públicas, nos dias 17 e 18 de outubro, em Campinas. O evento teve como objetivo construir um roadmap (mapa de caminhos) com a finalidade de dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo e reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa (GEE), até 2050. A Secretaria participa do Agropolo por meio do Instituto Agronômico (IAC), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e do Instituto Biológico (IB).
Na opinião dos participantes, o mercado potencial para bioprodutos no setor de aviação e marítimo é considerável. De modo a alcançar a contribuição brasileira junto à meta global do setor de aviação (ICAO), que almeja a redução nas emissões em 50% em 2050, em relação aos níveis de 2005, 25 milhões de toneladas de bioquerosene serão necessários. Para alcançar este grande potencial econômico e climático, diversas questões técnicas e sociais precisarão estar prontas já em 2030. Dentre elas estão segurança na oferta de matérias-primas, unidades de controle de qualidade e infraestrutura, incluindo dutos.
Além disso, conceitos de biorrefinarias integrais também precisarão ser testados de modo a avaliar as viabilidades das escalas e as condições contextualizadas do local de operação. Uma completa análise socioeconômica e de sustentabilidade deverá fundamentar uma estratégia nacional de modo a tornar mais efetivo e sustentável o desenvolvimento desse potencial.
“A Gol quer estabelecer rotas verdes, isso significa que nós temos que fornecer às nossas aeronaves biocombustíveis sustentáveis nas duas extremidades”, afirma Pedro Scorza, da Gol Linhas Aéreas. Para Gonçalo Pereira, da Granbio, embora seja possível fornecer biocombustíveis sustentáveis em grandes aeroportos, como o de Guarulhos, por meio de biorrefinarias de larga escala, é preciso pensar em soluções sustentáveis de biocombustíveis para atendimentos de aeroportos regionais, distantes e com baixa demanda.
A produção viável de biocombustíveis aeronáuticos pode também envolver as coproduções de químicos de alto valo agregado ou o uso de coprodutos, como a lignina, para o setor marítimo. Essas opções proporcionam a maximização de ganhos, mas requerem uma intensa colaboração entre diferentes companhias e fornecedores de matérias-primas. “A biomassa é o novo petróleo de amanhã. Os investimentos poderão proporcionar empregos verdes e segurança econômica para o Brasil, enquanto o atingimento da meta ambiental será realizado no âmbito global”, afirma Anton Robek, da Bioforever e fundador da DSM.
Potencial
O Brasil tem um imenso potencial de crescimento agrícola. Especialistas da Embraer e da Boeing enfatizaram como os esforços conjuntos no desenvolvimento de novos biocombustíveis avançados e junto à cadeia de suprimentos podem potencialmente ser realizados com uso de matérias-primas sustentáveis, por exemplo, por meio das maiores culturas agrícolas do Estado de São Paulo, como a cana-de-açúcar e o eucalipto.
“O Agropolo Campinas-Brasil vem promovendo a união dos esforços das instituições líderes com as indústrias na região de Campinas em busca do desenvolvimento de uma economia sustentável. Essa interação público-privada é uma recomendação do governador Geraldo Alckmin para nós da Secretaria de Agricultura”, afirma o secretário Arnaldo Jardim.
BE-Basic, uma parceria público-privada Holandesa com foco no desenvolvimento de uma economia baseada em bioprodutos, uniu forças e organizou este workshop para biocombustíveis avançados. A Holanda está empenhada em tornar seus setores verdes e está implementando uma estratégia para biocombustíveis avançados. O país também tem algumas empresas globais atuando nesse segmento, como a SkyNRG e a GoodFuels Marine.
Além destas duas, outras empresas holandesas estiveram presentes no 3º Workshop Bioeconomia, com apoio do Consulado Geral dos Países Baixos que, representado por Nico Schiettekatte, assinou um Memorando de Entendimento com Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC e presidente da Secretaria Executiva do Conselho Administrativo do Agropolo Campinas-Brasil. No próximo mês, um plano de ação será definido com o intuito de implementar ações efetivas até o final do ano.
O evento foi coordenado por Telma Teixeira Franco, professora da Universidade Estadual de Campinas, (Unicamp) e por Luuk van der Wielen, professor de Delft University of Technology (TUD).
O Agropolo Campinas-Brasil é uma plataforma interinstitucional, localizada em Campinas, São Paulo, fundamentada no conceito da inovação colaborativa, criada em 26 de junho de 2015. Tem por objetivo desenvolver Projetos de Cooperação Técnica (PCTs) nas áreas de agricultura, alimentação, biodiversidade, bioenergia, química verde e desenvolvimento sustentável.
As atividades visam à pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica, com extensão às outras instituições de pesquisa e empresas com sede na região de Campinas. O Roadmap do Agropolo é apoiado pela F e BE-Basic. Também compõem a plataforma a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação; a Prefeitura de Campinas; a Unicamp; o Techno Park Campinas – Associtech e a Associação Agropolis International. Mais informações em: www.agropolocampinasbrasil.org